Benefícios da Amamentação Prolongada: Além dos 2 Anos de Vínculo e Saúde

amamentação prolongada

Amamentar uma criança maior, que já fala, corre e brinca, ainda causa estranheza para muita gente. Mesmo com todas as evidências científicas mostrando o quanto o leite materno continua sendo um alimento completo, nutritivo e imunológico, muitas mães ouvem críticas e enfrentam julgamentos.

A amamentação prolongada, aquela que acontece após os 2 anos de idade, é cercada de tabus. Mas também é repleta de benefícios — para a criança, para a mãe e para a sociedade. Vamos falar sobre isso?

O que realmente significa amamentação prolongada?

Antes de tudo, é importante esclarecer um equívoco comum: amamentação prolongada não é amamentar além dos 6 meses, como algumas pessoas pensam. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os 6 meses e, depois disso, a introdução de alimentos sólidos com continuidade do leite materno até 2 anos ou mais.

Ou seja, até os 2 anos, estamos falando do mínimo recomendado. O que vem depois disso é o que chamamos de amamentação prolongada — e é sobre esse período que este texto se debruça, com informação baseada em ciência e com um olhar político.

Pressões pelo desmame: o que está por trás?

Infelizmente, muitas mulheres enfrentam um processo de desmame forçado, que não parte da vontade da criança ou da mãe, mas da pressão externa. E essa pressão tem várias camadas:

A lógica da produtividade

A sociedade cobra que a mulher “volte ao normal” o mais rápido possível. Voltar ao trabalho, à forma física, à disposição de antes da maternidade. Amamentar por mais tempo é visto por muitos como um atraso — como se fosse uma escolha improdutiva. Mas é justamente o contrário: é um investimento poderoso na saúde física e emocional da criança.

A sexualização dos seios

Outro ponto importante é o olhar sexualizado que muitos homens (e parte da sociedade) têm sobre o corpo feminino. Para algumas mulheres, inclusive, a pressão para o desmame vem de dentro de casa — de parceiros que não suportam ver os seios maternos cumprindo sua função biológica. Esse desconforto é cultural e precisa ser enfrentado com diálogo, educação e empatia.

A influência da indústria

E há ainda a poderosa indústria das fórmulas e alimentos ultraprocessados infantis, que lucra com o desmame precoce. Para vender, ela precisa convencer mães de que seu leite já não serve — e é aí que surge o mito cruel de que o leite materno “vira água” depois de um tempo. Isso é falso. E perigoso.

O leite materno perde valor depois dos dois anos?

Não perde. Continua sendo um alimento riquíssimo.

Segundo a Academy of Breastfeeding Medicine, em crianças entre 2 e 3 anos que continuam mamando, o leite materno ainda oferece:

  • 29% das necessidades diárias de energia

  • 43% das proteínas

  • 36% do cálcio necessário

  • 75% da vitamina A

  • 94% da vitamina B12

  • 60% da vitamina C

Além disso, ele continua carregado de anticorpos, enzimas, lactoferrina e outros componentes imunológicos que ajudam a proteger a criança mesmo nessa fase.

Os benefícios da amamentação prolongada para a criança

Amamentar depois dos dois anos não é só sobre nutrição. É também sobre acolhimento, afeto e segurança emocional. Para a criança, isso representa:

  • Um refúgio emocional no meio das descobertas e frustrações do crescimento

  • Proteção imunológica contínua

  • Menor risco de obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares no futuro

  • Apoio no desenvolvimento cognitivo e motor

  • Fortalecimento do vínculo com a mãe

E para a mãe, quais os benefícios?

Para além da conexão emocional que se aprofunda, a mulher que amamenta por mais tempo também colhe frutos em sua própria saúde:

  • Redução do risco de câncer de mama e ovário

  • Menor risco de desenvolver diabetes tipo 2

  • Contribuição para a saúde óssea

  • Apoio à saúde mental, quando amamentar é uma escolha livre e respeitada

Um ato de amor — e também de resistência

Amamentar uma criança maior é muitas vezes um ato de resistência. Contra o sistema que quer que mães voltem logo à produção. Contra a cultura que sexualiza nosso corpo e deslegitima nosso papel materno. Contra a indústria que lucra com a insegurança materna.

É também uma forma de dizer: eu conheço meu filho, eu conheço meu corpo, e nós seguimos juntos no nosso tempo.

Diante das críticas: como se fortalecer?

  • Busque informação baseada em evidências científicas

  • Converse com outras mulheres que vivem essa experiência

  • Encontre profissionais de saúde que respeitem o aleitamento prolongado

  • Dialogue com o parceiro, se houver resistência ou desconhecimento

  • Confie na sabedoria do seu corpo e da sua maternidade

Conclusão: seu leite não virou água — ele virou potência

Se você amamenta uma criança maior, saiba: você está oferecendo o melhor. Seu leite continua sendo alimento, remédio, consolo e proteção. O mundo pode não entender, mas isso não diminui a verdade da sua experiência.

A amamentação prolongada é uma escolha amorosa, corajosa e profundamente política. Que ela seja, acima de tudo, respeitada.

Referências

SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf

Amamentação depois dos 2 anos é indicada e aumenta o QI da criança. Disponível em https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/amamentacao-depois-dos-2-anos-e-indicada-e-aumenta-o-qi-da-crianca/

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