A chegada de um bebê transforma completamente a vida de um casal. Ainda que a gestação ocorra no corpo da mulher, o pai também tem um papel fundamental desde o início da gravidez. Falar sobre paternidade ativa é reconhecer que a construção dos vínculos e das responsabilidades não começa apenas após o nascimento, mas desde os primeiros batimentos cardíacos do bebê.
Neste artigo, vamos explorar como o pai pode — e deve — participar da gestação de forma ativa, acolhedora e afetiva, como construir vínculo com o bebê ainda na barriga, quais os cuidados essenciais após o parto e como cultivar uma relação de parceria com a mãe e corresponsabilidade com os cuidados do recém-nascido.
O que é paternidade ativa?
A paternidade ativa é o envolvimento real, cotidiano e afetivo do pai na vida do filho e da mãe desde o início da gestação. É muito mais do que “ajudar”. É se comprometer, dividir tarefas, estar emocionalmente presente, entender as necessidades da gestante e do bebê e buscar construir uma relação de cuidado contínuo.
Estudos mostram que a participação ativa do pai melhora os desfechos da gestação, favorece o parto e fortalece o vínculo familiar. Mais do que um direito, é um dever que promove saúde emocional e física para todos os envolvidos.
Durante a gestação: presença e vínculo desde o começo
Apesar da gestação ser vivenciada no corpo da mulher, o pai também gestaciona em outro nível: o emocional. Participar das consultas de pré-natal, ouvir os batimentos cardíacos do bebê, apoiar nas decisões sobre o parto e acolher as emoções da gestante são atitudes que fazem toda a diferença.
Um ponto importante e que muitos não sabem: a partir da 25ª semana de gestação, o bebê já é capaz de reconhecer vozes familiares, principalmente aquelas que são repetidas com frequência. Ou seja, se o pai conversa com o bebê ainda na barriga, canta músicas ou lê histórias, esse som familiar pode gerar acolhimento e conforto após o nascimento.
Além disso, esse momento de conversa com a barriga pode ser um ritual diário de conexão que ajuda o pai a se sentir parte da gestação. Essa prática também tem benefícios neurológicos e afetivos para o bebê, que já começa a perceber o mundo através dos sons.
Apoiar a pessoa gestante é parte da paternidade ativa
Durante a gestação, o corpo da mulher passa por muitas transformações físicas e emocionais. Ter um parceiro atento, disponível e comprometido faz toda a diferença.
O pai pode:
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Ajudar na organização da casa e das tarefas diárias;
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Estar presente nas consultas e ultrassons;
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Pesquisar junto sobre parto humanizado, plano de parto e amamentação;
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Incentivar o descanso e o autocuidado da gestante;
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Participar de cursos de educação perinatal, rodas de gestantes e acompanhamento com doulas.
Essa rede de apoio começa em casa e é um passo essencial para o sucesso da maternidade e paternidade com presença.
No pós-parto: dividir tarefas e acolher a nova rotina
Com o nascimento do bebê, muitas vezes as atenções se voltam completamente para o recém-nascido — e com razão. Mas é fundamental lembrar que a mãe também precisa de cuidados, especialmente no puerpério, quando está se recuperando física e emocionalmente do parto.
A paternidade ativa aqui se revela em atitudes práticas, como:
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Trocar fraldas;
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Dar banho;
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Ajudar na amamentação (ajustando a pega, oferecendo água, sendo apoio emocional);
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Preparar refeições;
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Garantir que a mãe possa descansar.
Além disso, o pai pode ajudar a proteger o espaço da família, evitando visitas em momentos inadequados e garantindo que a mãe tenha privacidade e tempo para se adaptar ao novo ritmo.
Construindo vínculo com o bebê: cada pai encontra sua forma
Nem todos os pais se sentem conectados com o bebê de forma imediata — e tudo bem. O vínculo é algo construído no cotidiano, através de pequenos gestos: embalar, cantar, fazer massagem, usar o sling, brincar, observar o sono.
Algumas formas de fortalecer esse vínculo:
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Fazer contato pele a pele com o bebê (também chamado de “contato canguru”);
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Estar presente nos momentos de sono, cólica ou banho;
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Desenvolver rituais diários, como ler uma história antes de dormir ou fazer um passeio com o carrinho.
Esses momentos não apenas fortalecem a conexão pai-filho, mas também contribuem para o desenvolvimento emocional e neurológico do bebê.
Paternidade ativa é responsabilidade, afeto e presença
Ser um pai ativo vai além de prover sustento financeiro. É estar presente nos momentos bons e difíceis, aprender junto, reconhecer erros, estar disposto a melhorar e cuidar com afeto.
Promover a paternidade ativa é também um ato de justiça social, já que ajuda a combater o machismo estrutural que ainda coloca sobre a mulher toda a carga dos cuidados com os filhos. É possível — e necessário — construir uma nova cultura de cuidado, onde a presença paterna seja natural e constante.
Conclusão: uma jornada compartilhada desde o início
Incentivar a paternidade ativa desde a gestação é um investimento em vínculos saudáveis, desenvolvimento infantil equilibrado e relações familiares mais justas e amorosas. O pai tem um papel essencial desde o positivo no teste de gravidez até os primeiros passos do bebê — e por toda a vida.
Se você é pai e está lendo este texto, saiba: seu filho não espera que você seja perfeito, mas que esteja presente. E essa presença começa agora.
📚 Referência
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Plasticidade neural induzida pela aprendizagem do processamento da fala antes do nascimento, disponível em https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.1302159110
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