Hipertensão na gestação: desafios e cuidados essenciais para futuras mamães

hipertensão na gestação

A hipertensão na gestação é uma condição grave e que exige atenção constante. Ela representa uma das principais causas de complicações maternas e fetais, podendo evoluir para quadros como pré-eclâmpsia e eclâmpsia, com riscos significativos à saúde da mãe e do bebê.

Felizmente, com acompanhamento adequado, mudanças no estilo de vida e intervenções clínicas baseadas em evidências, é possível reduzir consideravelmente os riscos e promover uma gestação mais segura.

O que é hipertensão na gestação?

A hipertensão na gestação ocorre quando a pressão arterial da mulher grávida se eleva, geralmente após a 20ª semana de gestação. Existem quatro categorias principais de distúrbios hipertensivos na gravidez:

  • Hipertensão crônica: presente antes da gestação ou diagnosticada até a 20ª semana.

  • Hipertensão gestacional: surge após a 20ª semana sem presença de proteína na urina.

  • Pré-eclâmpsia: hipertensão associada a sinais de disfunção orgânica, como proteinúria, alterações hepáticas ou renais, e risco de convulsões (eclâmpsia).

  • Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica.

Fatores de risco

Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolver hipertensão durante a gravidez:

  • Primeira gestação

  • Idade materna avançada (acima de 35 anos)

  • Obesidade

  • Histórico familiar de pré-eclâmpsia

  • Gestação múltipla

  • Hipertensão ou diabetes pré-existentes

Como é feito o diagnóstico

A hipertensão na gestação é diagnosticada quando a pressão arterial atinge valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg, em duas aferições com intervalo de pelo menos quatro horas.

Além disso, podem ser solicitados exames complementares como:

  • Exames de sangue (função hepática e renal)

  • Exames de urina (para verificar presença de proteínas)

  • Ultrassonografia obstétrica com Doppler para avaliar o bem-estar fetal

Sintomas de alerta

A hipertensão gestacional pode ser silenciosa, mas alguns sintomas devem ser prontamente comunicados ao profissional de saúde:

  • Dores de cabeça persistentes

  • Alterações visuais (visão turva ou embaçada)

  • Inchaço súbito e excessivo em mãos, rosto ou pés

  • Dor na parte superior do abdome

  • Náuseas e vômitos intensos

Cuidados e tratamentos recomendados

O acompanhamento pré-natal regular é fundamental. As diretrizes atuais da FEBRASGO e do Ministério da Saúde orientam:

1. Uso de ácido acetilsalicílico (AAS)

Mulheres com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia devem fazer uso preventivo de AAS 100 mg por dia, iniciado entre 12 e 16 semanas de gestação e mantido até 36 semanas, conforme protocolo do Manual Técnico de Gestação de Alto Risco (MS, 2022).

Critérios para uso incluem: gestação múltipla, hipertensão crônica, doença renal, autoimunes, diabetes tipo 1 ou 2 e histórico de pré-eclâmpsia.

2. Suplementação universal de cálcio

Desde fevereiro de 2025, a suplementação de cálcio passou a ser universal para todas as gestantes, mesmo aquelas sem fatores de risco. O objetivo é reduzir a incidência de pré-eclâmpsia e suas complicações. A recomendação oficial é:

  • 1.000 mg de cálcio elementar por dia (dois comprimidos de 1.250 mg de carbonato de cálcio)

  • Início a partir da 12ª semana de gestação

  • Intervalo mínimo de duas horas entre o consumo de cálcio e ferro, para não prejudicar a absorção

3. Alimentação equilibrada

Evitar o excesso de sal, alimentos industrializados e manter uma dieta rica em frutas, vegetais, fibras e grãos integrais é essencial para o controle da pressão arterial.

4. Atividade física com orientação

Exercícios leves como caminhada, alongamentos e yoga para gestantes são recomendados, sempre com liberação médica.

5. Controle do estresse

Técnicas de relaxamento, respiração consciente e apoio emocional são aliados importantes para a saúde mental da gestante e para a regulação da pressão arterial.

Monitoramento constante salva vidas

A hipertensão na gestação pode evoluir de forma rápida e silenciosa, por isso, o pré-natal deve ser seguido à risca. Qualquer sintoma ou alteração deve ser imediatamente avaliado por profissionais de saúde.

Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de medicamentos anti-hipertensivos específicos, internamento ou até antecipação do parto, sempre com foco na segurança da mãe e do bebê.

Conclusão

A hipertensão na gestação é um dos maiores desafios da saúde materna, mas também um dos que mais pode ser prevenido com cuidados simples e eficazes. O uso de cálcio e AAS, o acompanhamento pré-natal de qualidade e a adoção de hábitos saudáveis são fundamentais para garantir uma gravidez mais tranquila e segura.

Se você está grávida ou planejando engravidar, converse com sua equipe de saúde sobre as medidas preventivas adequadas ao seu caso. Informação, prevenção e acolhimento salvam vidas.

📚 Referências utilizadas

  1. Ministério da Saúde. Em estratégia contra a pré-eclâmpsia, suplementação de cálcio passa a ser universal para gestantes. Publicado em fevereiro de 2025

  2. Ministério da Saúde. Manual Técnico de Gestação de Alto Risco, 5ª edição, 2022. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf

  3. FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Protocolo de conduta para hipertensão na gestação. Disponível em  https://www.febrasgo.org.br/images/pec/Protocolos-assistenciais/Protocolos-assistenciais-obstetricia.pdf/n40—O—Hipertensao-arterial-cronica-e-gravidez.pdf

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